Quem é o Profeta Muhammad (s)?

Quando se fala do Profeta Muhammad deve ter-se em conta que se está falando do maior indivíduo da história. E [esta] não é uma frase sem fundamento; quem lê a sua biografia e aprende suas atitudes e ética, e ao mesmo tempo se mantém afastado de todos os preconceitos, seguramente chegará a esta conclusão. Alguns não muçulmanos, que têm um caráter justo, também chegaram a esta conclusão.

  • Sua linhagem
  • Nascimento E Infância
  • Descrição Do Profeta (s)
  • Sua linhagem

    Ele é Abul-Qasim (pai de Al-Qasim) Muhammad, filho de Abd Allah, filho de Abdul-Mutalib. Sua linhagem remonta à tribo de Adnan, filho de Ismael [o Profeta de Deus, filho de Abraão] que Deus exalte sua menção. Sua mãe foi Aminah, filha de Wahab.

    O Profeta (s) disse: ‘Certamente Deus escolheu a tribo de Kinanah entre todas as tribos dos filhos de Ismael; Ele escolheu os Quraish entre todas as tribos de Kinanah; Ele escolheu Banu Hashim entre todas as outras famílias dos Quraish; e me escolheu que sou de Banu Hashim’. (Muslim #2276)

    Assim, o Profeta (s) tem a linhagem mais nobre deste mundo. Seus inimigos assim o afirmavam; Abu Sufyan, que era arqui-inimigo do Islã, antes de converter-se em muçulmano, afirmou-o frente a Heráclito.

    Abd Allah b. Abbas, que Deus seja complacente com ele, narrou que o Mensageiro de Deus (s) escreveu a César e o convidou a entrar no Islã. Escreveu-lhe uma carta que foi entregue ao Governador de Busra, que por sua vez a reenviou a César.

    César, em agradecimento a Deus, foi caminhando de Hims a Ilya (Jerusalém), quando Deus lhe outorgou a vitória sobre as forças persas. Então, quando chegou a carta do Mensageiro de Deus, disse depois de lê-la: “Busquem qualquer pessoa do seu povo (árabes da tribo Quraish), para perguntar-lhe sobre o Mensageiro de Deus!”. Nesse momento, Abu Sufyan bin Harb se encontrava em sham com uns homens de Quraish que tinham vindo (a Sham) como mercadores, durante a trégua que haviam concluído, entre o Mensageiro de Deus e os incrédulos de Quraish. Abu Sufyan disse:

    ‘O mensageiro de César nos encontrou em algum lugar de Sham e nos levou, a mim e aos meus companheiros a Ilya, ante a presença de César e o encontrámos sentado em seu trono real, com sua coroa e rodeado de altos dignitários bizantinos.’ Ele disse ao seu tradutor: “Pergunta-lhes quem de entre eles tem algum parentesco com o homem que disse ser profeta”.

    Abu Sufyan acrescentou:

    ‘Respondi-lhe: “Sou seu parente mais próximo”. Perguntou-me: “Qual é teu parentesco com ele?” Respondi-lhe: “É meu primo”, e não havia ninguém na caravana de Bani Abd Manaf, exceto eu. César disse: “Que se aproxime”. E logo ordenou que meus companheiros permanecessem atrás de mim e disse ao tradutor: “Diga a seus companheiros que vou perguntar a este homem sobre o homem que diz ser profeta. Se ele mentir, devem contradizê-lo imediatamente”.

    Abu Sufyan acrescentou:

    ‘Por Deus! Se não fosse uma vergonha que meus companheiros me chamassem de mentiroso, não lhe teria dito a verdade quando me perguntou. Mas me pareceu uma desonra que meus companheiros me chamassem de mentiroso, por isso disse a verdade.’ Logo disse ao seu tradutor: “Pergunta-lhe a que tipo de família pertence”.
    Respondi-lhe: “Pertence a uma família nobre”. Logo disse: “Alguma vez outra pessoa afirmou ser o mesmo que ele disse ser?”.
    Respondi-lhe: “Não”. Logo disse: “Alguma vez o acusaram de mentir?”.
    Respondi-lhe: “Não”. Disse então: “Algum dos seus ancestrais foi rei?” Minha resposta foi: “Não”. Logo acrescentou: “Seguem-no os ricos ou os pobres?” Respondi-lhe: “Os pobres o seguem”. Disse-me logo: “Seguem-no mais ou menos pessoas, cada dia que passa? Respondi-lhe:” “Seguem-no, cada dia, mais pessoas”. Disse-me: “Alguns dos que adotam sua religião se desiludem e logo deixam de lado sua religião?” Respondi-lhe: “Não”. “Quebra suas promessas?”, perguntou-me. Respondi-lhe: “Não”, mas neste momento estamos em uma trégua com ele e temos medo de que nos traia ”.

    Abu Sufyan acrescentou:

    ‘Fora sua última oração, nada pude dizer contra ele.’ Então César perguntou: “Alguma vez tiveram uma guerra contra ele?” “Sim”, respondi-lhe. Disse-me: “Qual foi o resultado dessas batalhas com ele?” “Ás vezes ele ganha, às vezes, nós ganhamos”, foi minha resposta. Disse então: “Que coisas lhes ordena?”. Disse-lhe: “Manda-nos que adoremos somente a Deus, que não adoremos a outros além d’ Ele, e que deixemos de lado tudo que adoravam nossos ancestrais. Ordena-nos que oremos, que façamos caridade, que mantenhamos a castidade conjugal, que cumpramos nossas promessas e que devolvamos aquilo que nos emprestam.” ‘Quando disse isso, César disse ao seu tradutor:

    “Diga-lhe: Perguntei-te sobre sua linhagem e tua resposta foi que pertencia a uma família nobre. De fato, todos os Mensageiros vinham da mais nobre das linhagens dos seus respectivos povos. Logo, te perguntei se alguém mais dizia ser o que ele diz ser, e tua resposta foi negativa. Se a resposta tivesse sido afirmativa, pensaria que este homem diz ser algo que já foi dito antes dele. Quando te perguntei se alguma vez o acusaram de mentir, tua resposta foi negativa; eu considero sensato que uma pessoa que não mente para as pessoas também não minta sobre Deus. Logo te perguntei se algum dos seus ancestrais foi rei. Tua resposta foi negativa, e se houvesse sido afirmativa teria pensado que este homem pretendia recuperar seu passado real. Quando te perguntei se o seguem os ricos ou os pobres, me respondeste que são os pobres que os seguem. De fato, eles são os seguidores dos Mensageiros. Logo te perguntei se seus seguidores são mais ou menos a cada dia. Respondeste que cada vez são mais.

    De fato, isso é resultado da verdadeira fé, até que esteja completa (em todos os sentidos). Perguntei-te se havia alguém, que logo após adotar sua religião, desiludiu-se e descartou sua religião; tua resposta foi negativa. De fato, é um sinal da verdadeira fé, pois quando seu prazer entra e se mistura completamente nos corações, ninguém se desilude. Perguntei-te se alguma vez tinha quebrado uma promessa. Tua resposta foi negativa. E assim são os Mensageiros; nunca rompem suas promessas. Quando te perguntei se alguma vez combateram, me respondeste que às vezes o fizeram, e que em algumas ocasiões ele saía vitorioso, em outras vezes, vocês. De fato, assim são os Mensageiros; são postos à prova e a vitória final sempre é deles. Logo te perguntei que coisas lhes ordenava. Respondeste-me que lhes ordenava adorar somente a Deus e não adorar a outros, junto com Ele ; deixar de lado o que seus ancestrais costumavam adorar, suplicar, dizer a verdade, ser casto, cumprir as promessas, e devolver aquilo que lhes é confiado. Essas são em realidade as qualidades de um profeta que eu sabia que viria (segundo as Escrituras anteriores), mas não imaginava que seria um de vocês. Se o que dizes é verdade, logo ele ocupará o solo que está sob meus pés, e se pudesse iria até ele imediatamente para conhecê-lo e lavaria seus pés”.

    Abu Sufyan acrescentou:

    ‘César pediu a carta do Mensageiro, que foi lida. A mesma dizia: "Em nome de Deus, o Misericordioso, o Compassivo. De Muhammad, o servo de Deus e Seu Mensageiro a Heráclito, Soberano dos bizantinos: Paz para quem segue a guia. Convido-te ao Islã; torna-te muçulmano e estarás a salvo e Deus te recompensará duas vezes. Mas se Lhe viras as costas, sobre ti recairá o pecado de teus súditos.

    Gente do Livro! Sejamos unânimes: Que não adoreis senão a Deus e não o associeis a nada nem vos tomeis uns aos outros por senhores, distantes de Deus; e se derem as costas, dizei: Testemunhai que somos muçulmanos”. [Alcorão-3: 64]

    Abu Sufyan acrescentou:

    ‘Quando Heráclito terminou seu discurso, produziu-se um enorme clamor e um grito por parte dos dignitários bizantinos que o rodeavam, e havia tanto ruído que não se entendia o que diziam. Então, ordenaram-nos que saíssemos da corte.’
    ‘Quando saí com meus companheiros e estávamos sozinhos, disse-lhes: “Certamente, o assunto do Profeta ganhou poder. O Rei dos bizantinos o teme ” ’.

    Abu Sufyan acrescentou:

    ‘Por Deus, cada vez estava mais seguro de que sua religião obteria a vitória até que terminei por aceitar o Islã.’

    (Bukhari #2782)
  • Nascimento e infância

    O Profeta (s) nasceu no ano 571 (segundo o calendário gregoriano), na tribo de Quraish, [considerada nobre por todos os árabes] em Meca [considerada a capital religiosa da Península Árabe.]

    Os árabes realizavam a peregrinação a Meca, e caminhavam ao redor da Ka’bah construída pelo Profeta Abraão e seu filho o Profeta Ismael, que a paz de Deus esteja com eles.

    O Profeta (s) era órfão. Seu pai faleceu antes de ele ter nascido e sua mãe morreu quando tinha seis anos. Seu avô, Abdul-Muttalib cuidou dele e quando morreu, seu tio Abu Talib assumiu essa função. Sua tribo e as outras da época adoravam ídolos de pedra, madeira e inclusive de ouro. Alguns destes ídolos foram colocados em volta da Ka’bah. As pessoas acreditavam que esses ídolos podiam afastar o mal ou provocar o bem.

    O Profeta (s) foi um homem honesto e confiável. Nunca teve um comportamento traiçoeiro, nem mentia nem enganava; era conhecido entre sua gente como ‘Al-Amin’, ou ‘O Confiável’. As pessoas lhe confiavam seus objetos de valor quando iam viajar. Também era conhecido como ‘As-Sadiq’, ou ‘O Sincero’, pois nunca mentia. Tinha bons modos, era bem falante e amava ajudar as pessoas. Sua gente o amava e o reverenciava. Deus, o Altíssimo, disse: Certamente és de uma natureza e moral grandiosas. (68:4)

    Thomas Carlyle disse o seguinte em seu livro 'Heroes, Hero-Worship and the Heroic in History':

    ‘(...) Desde uma tenra idade, se destacou como um homem inteligente. Seus companheiros o chamavam “Al Amin, O Fiel”. Foi um homem fiel e verdadeiro; sincero em suas ações, em suas palavras, e em seus pensamentos. Sempre havia um significado no que fazia e dizia. Ainda que taciturno ao falar e calado quando não havia nada a dizer, era pertinente, sábio e sincero quando falava e sempre colocava um manto de luz sobre o assunto. E essas são as únicas palavras que de verdade vale a pena pronunciar! Na vida, descobrimos que era considerado um homem sólido, fraternal e genuíno. Personagem sério e sincero, mas ao mesmo tempo simpático, cordial, companheiro e inclusive jocoso – apesar de tudo, sempre ria: Há homens cujo riso é falso, como tudo o que sai deles; homens que não podem rir. Ele era um homem espontâneo, apaixonado, mas, ao mesmo tempo, justo e sincero’.

    O Profeta (s) gostava de se enclausurar na caverna de Hira, antes de se tornar profeta. Ficava ali muitas noites seguidas.

    Jamais enganou; não ingeria bebidas embriagantes, nem se inclinava ante um ídolo ou uma estátua; tampouco jurava ante eles nem lhes fazia oferendas. Foi pastor de um rebanho de ovelhas que pertencia ao seu povo. O Profeta (s) disse:‘Todo Profeta encomendado por Deus foi pastor de um rebanho de ovelhas.’ Seus companheiros lhe perguntaram: ‘Inclusive tu, Mensageiro de Deus?’ Ele respondeu: ‘Sim, eu cuidei de um rebanho de ovelhas para o povo de Meca’. (Bukhari 2143)

    Quando o Profeta Muhammad (s) completou quarenta anos, recebeu a revelação divina; encontrava-se na caverna de Hira.A’ishah, que Deus esteja comprazido com ela, disse:

    ‘O que primeiro recebeu o Mensageiro de Deus (s), enquanto se encontrava na Caverna de Hira em Meca, foram visões boas [sonhos]. Cada vez que tinha um sonho, fazia-se realidade e ficava claro como o alvorecer. Mais tarde, o Mensageiro de Deus (s) começou a amar o estar sozinho, meditando. Passava dias e noites inteiras para cumprir com seu propósito, na caverna, antes de regressar para sua família. Levava uma ração de alimentos para sua estadia. Quando voltava para sua esposa Khadijah que Deus esteja comprazido com ela, buscava mais alimentos frescos y regressava à Caverna para continuar meditando’.

    A verdade chegou-lhe quando se encontrava na Caverna de Hira. O anjo Gabriel se aproximou de Muhammad (s) e ordenou-lhe que lesse. Muhammad respondeu-lhe: “Não sei ler!”. Gabriel abraçou Muhammad (s) até que este não pôde mais respirar, e o soltou: “Oh Muhammad! Leia!”. Novamente, Muhammad (s) respondeu: “Não sei ler!”. Gabriel abraçou Muhammad (s) pela segunda vez. Logo, ordenou-lhe que lesse pela terceira vez, e o abraçou fortemente até que não pôde mais respirar, e o soltou dizendo: “Oh, Muhammad!”.
    Leia! Em nome do teu Senhor, Quem criou todas as coisas. Criou o homem de um zigoto. Leia! Que teu Senhor é o mais Generoso. (96:1-3)

    O Mensageiro de Deus (s) regressou tremendo a sua casa. Entrou e disse a Khadijah: “Cobre-me, cobre-me !” Khadijah, que Deus esteja comprazido com ela, cobriu Muhammad (s) até que ele se sentiu melhor. Logo contou a sua esposa o que lhe havia sucedido na Caverna de Hira. Disse: “Temi por minha vida”. Khadijah, que Deus esteja comprazido com ela, tranquilizou Muhammad (s) dizendo:

    “Por Deus! Não deves te preocupar! Deus, o Exaltado, nunca te humilharia! És bom com os teus pares. Ajudas aos pobres e necessitados. És generoso e hospitaleiro com os teus hóspedes. Ajudas aqueles que necessitam.”


    Khadijah, que Deus esteja comprazido com ela, levou seu esposo Muhammad (s) à casa de um primo seu, chamado Waraqah bin Nawfal bin Assad bin Abdul Uzza. Esse homem havia se convertido ao cristianismo durante a era pagã. Era escriba de Escrituras hebraicas. Era um ancião que havia perdido a vista nos últimos anos de sua vida. Khadijah, que Deus esteja comprazido com ela, disse a seu primo: “Oh primo meu, escuta o que teu sobrinho [quer dizer, Muhammad, que Deus exalte sua menção] está a ponto de contar-te!”. Waraqah disse: “O que viste, querido sobrinho?”.

    O Mensageiro de Deus (s) contou-lhe o sucedido na Caverna de Hira. Ao ouvir o relato, Waraqah disse: “Por Deus! É o anjo Gabriel quem apareceu ante o Profeta Moisés, que Deus exalte sua menção. Oxalá pudesse eu estar com vida quando teu povo te tire de Meca”. O Mensageiro de Deus (s) perguntou: “Vão expulsar-me de Meca?”. Waraqah respondeu afirmativamente dizendo: “Nunca um homem transmitiu uma Mensagem semelhante à que levas contigo, sem que seu povo haja entabulado guerra contra ele – se chego a ser testemunha disso, dar-te-ei meu apoio”.
    Waraqah faleceu pouco tempo depois desse incidente. As revelações também cessaram logo. (Bukhari #3)
    O versículo do Alcorão citado no hadizanterior marca quando começou sua missão profética. Logo Deus, o Exaltado, revelou-lhe: Oh, tu [Muhammad] que te envolves no manto! Levanta-te e adverte [aos homens]. Proclama a grandeza de teu Senhor, purifica tuas vestimentas. (74:1-4)
    Este versículo do Alcorão marca o começo de sua missão como Mensageiro.

    Com a revelação deste capítulo do Alcorão, o Profeta (s) começou abertamente a convocar seu povo ao Islã. Começou com seu próprio povo. Alguns se negaram a escutá-lo porque os convidava para algo que nunca haviam visto antes.

    O Islã é uma forma de vida completa, que trata de temas religiosos, políticos, econômicos e sociais. Além disso, a religião do Islã não os convocava apenas para que adorassem somente a Deus e que deixassem de lado todos os ídolos e coisas que adoravam; também proibia coisas que considerava prazerosas, como a usura ou o consumo de bebidas alcoólicas, a fornicação e os jogos de azar. Também convocava as pessoas a serem justas entre si, e a conhecer que não há diferença entre elas salvo através de uma correção na forma de vida. Como podiam os de Quraish [a tribo mais nobre dos árabes] serem tratados de igual maneira que os escravos! Não somente se negaram totalmente a aceitar o Islã, como também culpavam e magoavam o Profeta (s) dizendo que estava louco, que era um feiticeiro e mentiroso. Culpavam-no por coisas que não o haviam culpado antes da chegada ao Islã.

    Incitavam as massas e os ignorantes a que se pusessem contra ele e também torturaram seus companheiros. Abd Allah bin Massud, que Deus esteja comprazido com ele, disse:
    Munib al-Azdi disse: ‘Vi o Mensageiro de Deus dizendo ao povo durante a era pagã: “Testemunhem que não existe deus digno de adoração exceto Deus, se querem alcançar êxito.” Alguns cuspiram em sua cara, outros lhe atiraram terra no rosto, e outros o insultaram até ao meio-dia. Uma menina se aproximou com uma vasilha de água, ele lavou as mãos e o rosto e disse: “Oh filha, não tenhas medo de que teu pai seja humilhado ou atormentado pela pobreza”. (Mu’jam al-Kabir de at-Tabrani, 805).

    Urwah bin az-Zubair disse: ‘Pedi a Abd Allah bin Amr al-Aas que me contasse a pior coisa que os pagãos haviam feito contra o Profeta (s) e ele me disse:‘Uqbah bin Mu’ait se aproximou do Profeta (s) enquanto ele orava perto da Ka’bah, e lhe retorceu sua túnica em volta do pescoço. Abu Bakr , que Deus esteja comprazido com ele, aproximou-se rapidamente, agarrou Uqbah pelo ombro e o afastou dizendo: ‘vais matar um homem só porque proclama a Deus como seu Senhor e tem claros sinais do teu Senhor?’ (Bukhari, 3643).

    Estes incidentes não detiveram o Profeta (s) em sua prédica. Convocou ao Islã muitas tribos que vinham a Meca realizar a Peregrinação. Alguns eram do povoado de Yazrib, conhecido hoje como Medina, e juraram ser-lhe leais e ajudar-lhe se optasse por ir a Medina. Ele enviou Muss’ab bin Umair, que Deus esteja comprazido com ele, para que lhes ensinasse o Islã. Depois de todas as dificuldades que os muçulmanos tiveram que enfrentar por parte de seu próprio povo, Deus lhes permitiu emigrar de sua cidade para Medina. O povo de Medina os recebeu de uma maneira extraordinária. Medina se converteu na capital do estado muçulmano, e o ponto do qual começou a expandir-se a pregação do Islã. O Profeta (s) instalou-se ali e mostrou ao povo a recitação alcorânica e a jurisprudência islâmica. Os habitantes de Medina se comoveram muito com os modos do Profeta. Amavam-no mais que a si mesmos; esmeravam-se por servi-lo e gastavam tudo o que tinham, em sua homenagem. A sociedade era forte, seu povo era rico em termos de Fé e eram muito felizes. O povo se amava e reinava uma verdadeira fraternidade entre as pessoas.

    Todos eram iguais; ricos, nobres e pobres, brancos e negros, árabes e não árabes – todos eram considerados iguais para a religião de Deus, não havia nenhuma distinção entre as pessoas, salvo através da piedade. Assim que a pregação do Profeta se expandira em Medina, as tribos de Meca atacaram o Profeta (s) dando início da primeira batalha no Islã, a Batalha de Badr. Esta batalha teve lugar entre dois grupos desiguais em armamento e preparação. Os muçulmanos eram 314, enquanto os pagãos somavam 1000 homens apetrechados. Deus deu a vitória ao Profeta (s) e seus Companheiros. Depois desta batalha aconteceram muitas outras entre os muçulmanos e os pagãos. Depois de oito anos, o Profeta (s) pôde preparar um exército de 10.000 homens. Empreenderam a marcha para Meca e a conquistaram, derrotando assim seu povo, que o havia perseguido e torturado. Muitos muçulmanos, inclusive, haviam sido obrigados a abandonar suas propriedades e riquezas, e fugir para salvar suas vidas. Derrotou-os de maneira decisiva, e esse ano foi chamado ‘O Ano da Conquista’. Deus, o Exaltado, diz no Alcorão: [Oh, Muhammad! Quando chegarem o socorro de Deus e a vitória [a conquista de Meca] e vires os homens em tropéis na religião de Deus, Glorifica e louva teu Senhor por isso, e pede Seu perdão; é certo que Ele é indulgente. [110:1-3]

    Logo convocou o povo de Meca e lhe disse: ‘Que pensam que vou fazer-lhes?’. Eles responderam: ‘Só farás algo favorável; és um irmão e um sobrinho bom e generoso!’ O Profeta (s) disse: ‘ Ide, sois livres para fazer o que desejardes.’ (Baihaqi, 18055).

    Essa foi uma das tantas razões pelas quais muitos deles aceitaram o Islã. O Profeta (s) regressou logo a Medina. Depois de um tempo, o Profeta (s) realizou a peregrinação e dirigiu-se a Meca com 114.000 seguidores. Esta Peregrinação é conhecida como ‘A Peregrinação de Despedida’ uma vez que o Profeta (s) nunca realizou outra Peregrinação, e morreu pouco depois de completá-la.

    O Profeta (s) morreu em Medina, em 12 do mês lunar Rabi az-zani, no ano 11 da Hégira. O Profeta (s) foi sepultado também em Medina. Os muçulmanos ficaram chocados ao tomar conhecimento de sua morte; alguns companheiros não acreditavam no que ouviam. Umar, que Deus esteja comprazido com ele, disse: Quem disser que Muhammad morreu, eu o decapitarei! Abu Bakr, que Deus esteja comprazido com ele, fez um discurso e recitou as palavras de Deus: Muhammad não é senão um Mensageiro, a quem precederam outros. Se morresse ou se o matassem, voltarias à incredulidade? Mas quem voltar à incredulidade, em nada prejudicará a Deus. Deus retribuirá aos agradecidos. (3:144).

    Quando Umar, que Deus esteja comprazido com ele, ouviu este versículo, compreendeu que o Profeta (s) havia morrido. Aos 63 anos de idade.

    Permaneceu em Meca durante 40 anos, antes de ser indicado como Profeta. Depois viveu ali outros 13 anos, durante os quais conclamou as pessoas ao monoteísmo. Depois emigrou para Medina, onde viveu dez anos. Onde constantemente recebia revelações, até que o Alcorão e a religião do Islã ficassem completos.

    George Bernard Shaw disse:
    ‘Sempre tive um grande apreço pela religião de Muhammad, devido à sua maravilhosa vitalidade. É a única religião que parece ter essa capacidade de assimilar as fases mutantes da existência e que a fazem atrativa para qualquer época e idade – eu predisse que a fé de Muhammad seria aceite amanhã e já está sendo aceite na Europa de hoje. Os eclesiásticos medievais, por ignorância ou fanatismo, pintaram o maometismo com as cores mais escuras. De fato, foram treinados para odiar, tanto a Muhammad como à sua religião. Para eles, Muhammad era o anticristo. Eu estudei este homem maravilhoso e em minha opinião, longe de ser chamado o anticristo, deveria ser chamado de o Salvador da humanidade’. ( Enciclopédia de Sirah, por Afzalur Rahman.)

  • Descrição do Profeta (s)

    O Mensageiro de Deus (s) foi um homem sensacional, respeitado por todos os que o conheciam. Era um homem de estatura mediana, nem muito alto nem muito baixo. Seu cabelo não ultrapassava os lóbulos das orelhas em circunstâncias normais. Tinha uma cor rosada e saudável. Sua frente era larga. Tinha uma barba cerrada e uma face suave. Sua boca era grande. Sua compleição era moderada e forte. Seu abdome e seu peito estavam no mesmo nível. Seu peito e seus ombros eram largos. Suas articulações eram de bom tamanho. Seus antebraços eram grandes assim como as palmas de suas mãos. Suas mãos e pés eram curtos e seus dedos tinham uma largura discreta.